sábado, fevereiro 10, 2007

saldo zero de sono

dormi tudo! ou nunca se dorme tudo, pessoas como eu nunca dormem tudo. mas dormi bastante e precisava. durmo sempre pouco durante a semana e alguém falou neste conceito de saldo zero. positivo seria demais, nao preciso, nao quero dormir quando posso viver. mas preciso de dormir. via o jornal da tarde e pensei que olhamos para áfrica como um buraco irrecuperável de mazelas, misérias e violações dos direitos humanos. falavam do sudão e das crianças-soldados. mas pensei, porque tinha lido a crónica da clara ferreira alves poucas horas antes, que não é áfrica o buraco. todo o mundo é um buraco. o hugo chavez coloca membros do estado em empresas privadas a controlarem a administração, a china é inexpugnável em tudo o que se suspeita serem hábitos criminosos de governantes fundamentalistas e gente oprimida, a américa central e do sul são também elas uma miséria mas uma miséria ritmada e musical onde os corpos morenos e aparentemente saudáveis fazem parecer que é possível ser-se alegre todos os dias. a américa do norte é o absurdo de diversidade que conhecemos, que não pode conviver bem consigo própria, somos demasiado intolerantes para suportar tanta miscigenação de culturas, entendimentos e contas bancárias. no meio disto tudo, áfrica é como um cachorro abandonado, sedento de carinho e disponível, pronta para dar. é a minha sensação. a onu entra em áfrica como em mais nenhum lugar podre do mundo, tenta fazer, tenta actuar, tenta mudar, tenta ajudar. em áfrica entra-se e ama-se tudo, ama-se a ternura da terra, ama-se as pessoas e o espirito de que ali tudo é primordial, ali se nasce e ali se cria o mundo. tudo é orgânico. é uma terra frágil e simples, disponível e conquistável por quem quiser tentar. é irresistível. é para lá que vou, se ganhar o euromilhoes, verificar a integração das crianças soldado na sociedade e tudo o mais que seja preciso fazer ali e é muito. em cada país, em cada cidade, em cada bairro. sem dramas de não saber o que fazer com a riqueza, sem loucuras de não compreender o mundo ou de como a nossa vida não é afortunada. como tudo é primordial por aquelas bandas, nós passamos a ser o centro do mundo, com o egocentrismo de se poder ser feliz.

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