sábado, agosto 19, 2006

quem tem razão?


Ando a tentar descobrir quem tem razão neste conflito entre o Líbano, Israel, Irão, Síria, Hezbollah, Intifada, xiitas, judeus, civis, não consigo... Não sei quem são, o que representam, o que defendem, o que procuram obter ou o que querem dominar. Vejo o povo a fugir, a morrer, as suas casas a serem destruídas, deliberadamente destruídas, e no fim de tudo as organizações europeias e internacionais para a paz e refugiados a pedirem auxílio humanitário... Não compreendo, de tão absurdo que me parece! Acabou tudo de ser destruído por armas, por governos, por partidos, por organizações.. Não foi uma catástrofe natural a qual o mundo não consegue prever, não. Foram ataques deliberados, planeados, organizados, de todas as partes deste conflito! E depois, a humanidade que abomina tudo isto tem que ajudar a erguer! O dinheiro, a comida, o auxílio deve ser exigido a quem causou a destruição: Israel, Hezbollah, Síria, o diabo que os carregue! Como há quem seja forçado legalmente a prestar serviço cívico, também eles deviam ser forçados a vender as armas e reconstruir a vida das pessoas, estudiosos e comentadores para a política internacional, perdoem-me o lirismo. Não me interessa se "Israel nunca esteve em sítio nenhum ou esteve vagamente há 2 mil anos", não me interessa se "o Hezbollah, goste-se ou não, seja um partido organizado, tem deputados eleitos e foi a forma daquela população se organizar" ou que tenha "escolas, hospitais, assistência social" ou ainda que "não é uma organização terrorista". São todos terroristas nesta história! Leio as trocas de galhardetes entre a Sra. Esther Mucznik e a Sra. Isabel do Carmo, entre a 2ª e a 6ª feira no Público (de onde retiro estas citações), em que cada uma destas senhoras expõe justificações históricas, religiosas, bélicas, geográficas, académicas, que validem tamanha destruição, que validem a guerra em resposta às diferenças, a morte em vez da política. Ou isto é tudo política e eu é que não sei distinguir... Vejo o meu mundo ocidental favorável ao Líbano e ao Hezbollah e contra Israel, mas francamente, no fim de tudo isto, não entendo porquê. Volto ao início do meu pensamento: não sei quem tem razão neste conflito. Parece-me que nenhum! Ambas as partes pecam, se um é um estado de direito e usa a violência e as bombas e a guerra contra outro estado de direito e populações civis; se o outro é um partido político organizado com deputados eleitos e não é terrorista mas procede precisamente da mesma forma. Não entendo. Ainda hoje ouvia a notícia de que Israel quebrou o cessar-fogo, já de si preso por um fio. Sou ingénua, admito, mas acredito sempre na prevalência destes pactos de cessar-fogo. Parte-se-me o coração em pedaços a ver aquela gente tão expectante e esperançosa com as tralhas às costas de volta a casa, na verdade sem casa para onde regressar porque tudo foi destruído. E na verdade para mim, tentando chegar a alguma conclusão, só me importa e interessa porque aquela gente toda, aquele povo, palestinianos, judeus, libaneses, gente sem terra, sem tecto, sem pão (como já disse o Carlinhos Brown) sofre, perde a vida, perde os valores enquanto quem "de direito" procura ganhar e mostrar ao mundo "quem tem razão".

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