domingo, maio 20, 2012

Queria avançar directamente para o quotidiano mas não posso... Preciso de me reintroduzir aqui, revalidar a presença, justificar-me a mim e localizar-me na geografia do corpo e do mundo. Também eu estou de volta, como nas Parestesias, depois de uns escassos segundos a decidir se num sítio novo, se ainda aqui. Mas foram escassos porque aqui é onde a preguiça e a verdade me trazem. A crise é a mesma, é a minha. E gosto das memórias. Não gosto do gap mas hei-de estar guardada, quando não aqui, noutro lugar qualquer que saberei encontrar.
Emociona-me muito voltar, é tudo tão diferente e tão igual desde a última vez. Tenho quase medo de ser demais e estou ansiosa e emocionada. É que tenho tanto que dizer, tantos planos não concretizados, como sempre, como para sempre, que registar... o meu último plano, concretizado até agora num único primeiro de mil passos necessários, é escrever as histórias que me lembro, das que conta a minha mãe, das que vivi, das que contava o meu pai, da memória de viver e da memória das palavras. Escrevi já uma destas histórias, como contarei a seguir.

Na minha última viagem de avião (classY seat 18A TP 1018 17 May Departure Time 18:45 Sequence nº 35), por bancarrota, li mais do que comprei, e avancei na Dublinesca.
Claro que tinha que gostar porque a narra um editor frustrado e tão falhado, só na cabeça dele mas esse é o falhanço total. A dada altura, ele escreve "Brooklyn, dijo Nietzky, es algo así como un inventario del universo y tiene la peculiaridad de que, mientras en muchas partes las diferencias étnicas son una fuente potencial de conflictos, aquí se convierte en armonía y con un ritmo más humano y más antiguo que el de Manhattan. Es un gran lugar, concluyó Nietzky." Tudo me inspirou e esta frase mais e lancei-me a escrever. Escrevi a minha memória da manteiga nos bolsos do casaco de linho a caminho de Luanda, isso fica para outro dia. E quero ir a Brooklyn, quero tanto ir a Nova York. Quero muito muitas coisas. Quero escrever. Até já!

2 comentários:

Juz disse...

Jôzinha, saudade da tua escrita. É tão linda a forma como brincas com as palavras. E como entendo o que dizes. Ás vezes no meio deste turbilhão de vida sentimos saudade de nós. Esta é sem dúvida uma boa forma de perdemos tempo connosco...
Até já!

Ju disse...

gosto tanto de ti juz