segunda-feira, outubro 17, 2022

Sobre livros

Sentei-me para escrever, deliberadamente. Voltei a ler. Não lia com consistência desde… 2015. Li a escrita que queria que fosse minha, quero ler tudo, daquela lucidez, daquela poesia concreta em prosa quotidiana. 

 Julián Fuks, se algum dia escrevesse queria que me saísse assim!

sábado, setembro 03, 2022

Reflexão sobre erros

Escrever é melhor quando nos sentimos bem ou mal? A dor e a dúvida impulsionam mais e melhor do que a leveza e a certeza?

Diz o João Tordo no seu discurso cheio de clichês que para escrever não se pode estar demasiado bem na própria pele. 

Também ouvi o Matthew McConaughey dizer num podcast que quando erra, se analiza para ver como rodear aquele charco da próxima vez que o tiver à frente. 

Hoje sinto-me mal nesta pele. A pele que ontem não soube dizer não e se sentiu invadida, outra vez como na primeira, essa surpresa chocante da violência não intencional pensada prazer, os clichês da pornografia. Ou então dizer sim com intenção e estar presente, dominar o momento, decidir o rumo.

E depois aquela reunião triste, sem caráter, sem carisma, e no fim tamanha culpa e frustração. Como rodear este charco da próxima vez? Este e o seguinte e o outro a seguir e todos os milhões de charcos em que caio constantemente e me tenho que perdoar sem aprender. Não me perdoo, tento esquecer para não moer. Como aprender? Como mudar o rumo de mim mesma, os meus gatilhos, as escolhas que não se escolhem? 

Quem sabe? 

domingo, agosto 28, 2022

Sem título como os melhores quadros

Penso mil vezes em escrever. Mas quanto mais complexa se torna a vida, mais prosaicas são as palavras que tenho para a descrever, como se se tratasse de um jogo automático de equilíbrios, em que a complexidade da vida e a complexidade das palavras estivessem sempre em lados opostos da balança para equilibrar o peso dos dias e nunca se encontrassem.

As frustrações quotidianas e o machismo social esgotam-me e esmagam-me e não tenho nada para relatar. Sobra uma lembrança de inquietação metafísica e um romantismo tóxico que me desvia da realidade de forma ridícula e perigosa, qual dona de casa de meia idade a quem as aventuras (ou ideia delas) entusiasmam.

É tudo.

Ouço isto e transporto-me para o verão de 1993, no off shore, onde a pele morena era a única ordem que importava.

https://youtu.be/mfcuHzFYorM






domingo, setembro 28, 2014

Chimamanda Ngozi Adichie

"I don't believe that culture can be used as a reason for any form of injustice." (@BBC Hard Talk)

sábado, março 15, 2014

sol de sábado

Quando está sol, ainda que seja inverno, acordar cedo no sábado é uma promessa de ânimo para o fim de semana, é uma vacina de energia e humor para fazer muitas coisas, ir a muitos sítios, aproveitar bem o tempo. Como diziam no clube dos poetas mortos, "I went to the woods because I wanted to live deliberately. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life. To put to rout all that was not life; and not, when I had come to die, discover that I had not lived."
No meu caso, fui à varanda para viver deliberadamente, tomei um café e vi a cidade. Pela manhã, quando não há trânsito, ouvem-se pássaros matutinos a cantar, e é extraordinário.

domingo, fevereiro 02, 2014

Gosto de alma

Gosto de chita de alcobaça, queijo Castelinhos, retrosarias, lã, costura, todo o artesanato de verdade, malha, agulhas, linhas de coser, botas de manta de Buenos Aires.
Gosto das coisas que se fazem com cuidado, com alma, com tempo, com amor.
E gosto da Rosa Pomar que aprende a fazer as coisas bonitas de lés a lés, as coisas que a minha avó fazia porque precisava, que a minha mãe faz porque gosta e que eu não sei mas quero aprender, porque preciso, porque gosto, porque é proibido que tudo isto se esqueça, sendo tão bonito, delicado e essencial.
 

terça-feira, janeiro 07, 2014